A Escravidão na Amazônia
Xinguara(PA)
- Os recrutas se reúnem na
rodoviária desta cidade suja na fronteira da Amazônia, à espera dos
pobres e desesperados. Quando avistam algum, prometem emprego estável,
bom salário, moradia grátis e muita comida. Um simples aperto de mãos
sela o acordo. Para muitos,
é o começo de uma vida na escravidão. Somente depois que embarcam nos
caminhões velhos que os levam para trabalhar com o corte de madeira ou
manejo de gado em meio à selva é que descobrem estar afundados em dívidas,
vigiados por homens armados e sem condições de fugir do local de
trabalho. ''Foram 12
anos até que finalmente consegui escapar e retornar para casa'', contou
Bernardo Gomes da Silva, 42 anos. ''Éramos forçados a começar a
trabalhar às seis da manhã e continuávamos às vezes até onze da noite'',
relatou. ''Nunca fui pago, porque sempre alegavam que eu devia dinheiro''.
Entrevistado
recentemente em sua cidade natal, Barras, cerca de 970 quilômetros a
leste de Xinguara, Gomes da Silva disse que os trabalhadores que causavam
problemas, especialmente aqueles que pediam seu pagamento, às vezes eram
simplesmente mortos. ''Não sei ler,
e talvez por isso eu tenha recebido ordens de queimar meia dúzia de
documentos de identidade e carteiras de trabalho de trabalhadores que vi
pela última vez na estrada, supostamente indo embora'', disse ele. ''Também
encontramos pilhas de ossos na selva, mas nenhum de nós nunca tocou no
assunto''. O Brasil foi o
último país na América a abolir a escravidão, em 1888, e o trabalho
forçado de negros e brancos continuou durante o século 20 em algumas áreas
rurais. Mas as autoridades governamentais admitem que, apesar dos esforços
federais anunciados há 7 anos, continuam a surgir ''formas contemporâneas
de escravidão'', em que os trabalhadores são submetidos a trabalhos forçados
e não são pagos. As razões
disso variam desde fazendeiros mancomunados com autoridades locais
corruptas até políticas de reforma agrária ineficazes e um alto nível
de desemprego. Talvez o mais
importante seja a crescente pressão para explorar e desenvolver a vasta
fronteira agrícola da Amazônia para abastecer mercados estrangeiros com
dois itens muito apreciados: madeira e carne. Na selva a
oeste daqui, fazem-se fortunas com a devastação da floresta e a exploração
do mogno e outras madeiras nobres de clima tropical, incluindo jatobá e
ipê. Os Estados Unidos são os principais importadores do mogno
brasileiro, e embora o desmatamento seja permitido apenas em 13 áreas
designadas, o Greenpeace, grupo de defesa do meio ambiente, listou quase
100 empresas que, de acordo com a entidade, comercializam mogno ilegal
para atender à crescente demanda dos fabricantes americanos de móveis. Empresas de móveis
como a Ethan Allen e L&JG Stickley dizem que seu mogno é comprado
apenas de ''fornecedores que nos informam que cumprem com as práticas
florestais vigentes'', como declarou a Ethan Allen Interiors Inc. de
Danbury, Connecticut. Mas as companhias também reconhecem que não dispõem
de monitores independentes e não acreditam que seja sua responsabilidade
determinar a origem da madeira importada. FAIR USE NOTICE: This page contains copyrighted material the use of which has not been specifically authorized by the copyright owner. Global Action on Aging distributes this material without profit to those who have expressed a prior interest in receiving the included information for research and educational purposes. We believe this constitutes a fair use of any such copyrighted material as provided for in 17 U.S.C § 107. If you wish to use copyrighted material from this site for purposes of your own that go beyond fair use, you must obtain permission from the copyright owner.
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