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A chance de cura, por um fio

 

O Estado de Sao Paulo, May 31, 2001


Encontrar a cura para as velhas e novas enfermidades. Com esse objetivo, homens e mulheres, cientistas, mercadores e curandeiros, perambulam hoje pelas matas brasileiras. Em seu filme Medicine Man, de 1992, o ator Sean Connery encarna um desses personagens. No inferno, ou paraíso, verde da floresta amazônica, o pesquisador procura uma substância capaz de curar o câncer. À parte a ficção, a história mostra o quanto plantas e animais podem contribuir para manter ou restabelecer a saúde humana.

A compreensão desse fato remete a outro importantíssimo debate de nossos dias. Como explorar esses recursos sem o prejuízo do esgotamento? O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos já listou pelo menos duas mil plantas tropicais possivelmente utilizáveis no combate a tumores. Outras tantas, ainda desconhecidas ou não devidamente analisadas, guardam substâncias certamente capazes de salvar milhões de vidas. Muitas dessas espécies estão desaparecendo, vítimas da extração predatória efetuada por laboratórios e farmácias de manipulação, das queimadas e da devastação promovida pelos madeireiros.

A proteção da biodiversidade é hoje parte de estratégicos projetos de saúde pública. Muitas plantas, facilmente cultiváveis, podem prevenir graves doenças e economizar bilhões de dólares gastos anualmente em caros tratamentos hospitalares. Outra vantagem: os remédios naturais normalmente produzem menor número de efeitos colaterais nos pacientes.

Químicos e médicos lembram que um medicamento ofertado diretamente pela natureza pode ser solução eficaz e barata para os problemas do corpo. Os produtos industrializados costumam ter sintetizado apenas um fármaco do vegetal . Este muitas vezes tem menor eficácia terapêutica do que o fitocomplexo, o complicadíssimo coquetel químico da planta.

No Brasil, plantas com formidáveis aplicações terapêuticas crescem hoje à sombra da foice. É o caso da Ipeca, da Espinheira Santa, do Jaborandi, da Pfaffia e do Ipê-Roxo. Caso não sejam tomadas medidas efetivas de proteção, essas espécies podem desaparecer já no início do próximo século. Para as próximas gerações, pode restar a saudade de uma promessa de saúde fácil e bem-estar.